Quem está na sala quando você escreve?

Essa é a primeira pergunta que faço para as escritoras e escritores que chegam até mim dizendo que estão travados na escrita. Porque bloqueios criativos não acontecem só por falta de técnica. É mais comum isso ser sintoma do medo de decepcionar certas pessoas.

Mesmo não estando fisicamente presentes na sala, essas pessoas têm grande influência nos textos que você escreve. É delas aquela voz sussurrando no seu ouvido que você não tem talento, que suas ideias são clichês, que o texto está uma porcaria.

Nas salas de uns estão o professor de português exigente, as amigas escritoras esnobes, o namorado impaciente.

Nas salas de outras estão colegas críticos, pais debochados e instrutores de escrita inflexíveis.

Às vezes nossa sala está lotada de pessoas que nos apoiam e nos incentivam. Mas todo comentário positivo ganha um peso de responsabilidade, de escrever bem para merecer esses elogios.

Quem costumava invadir minha sala eram as escritoras e escritores que escolhiam trabalhar comigo. Como mentor, achava que não podia cometer erros, que precisava ter todas as respostas, que minha ortografia e gramática tinham que ser impecáveis, que todos os meus textos precisavam ser lacradores.

Minha escrita começou a fluir melhor quando aprendi a esvaziar a sala antes de começar a escrever.

Como? Criando um espaço no início do meu processo de criação para ficar sozinho com minhas ideias, para escrever livremente, sem expectativa de dar certo, sem pressão por resultados.

Da próxima vez que sentar para escrever, experimenta mandar todo mundo sair da sala. Você vai ganhar mais intimidade com suas ideias e tornar seu processo de criação muito mais prazeroso.

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Agora me conta: quem está na sala quando você escreve?